sábado, 5 de julho de 2008

Não há personalidade, nem caráter, nem nada...

"Bom dia mãe...". Você, "Luquinha", saúda a mãe logo ao acordar. Um banho rápido. Café da manhã... Um papo maduro e bem postado com o pai e "tchau". O colégio o espera. No caminho você é apenas ele, o rapaz. No ônibus o menino, o uniforme do colégio reforça essa idéia. Na calçada, frente ao colégio, é o garotão, assim visto pelos vendedores de rosquinhas e sorvete que o reconhecem ao vê-lo diariamente após as aulas, cercado de belas moças. Na sala de aula já é outro, descolado, as gírias o tornam mais original. O andado é outro... É o "Luk" que se senta no "fundão".
Meio-dia, após a aula, você vai ao encontro da namorada em um outro colégio, duas quadras dali. Cadê o "Luk"?
...O romântico, quase-educado e atencioso "Lu", toma a cena. O tempo é curto, mamãe espera "Luquinha" para o almoço. O dia passou rápido. À noite, jantar de negócios do pai. Família toda apronta-se obrigatoriamente... Diante do patrão do pai está você, Lucas Gonçalves, fala firme, olhar fixo. Sério, quase um homem naquela noite. O netinho caçula, bem humorado, amanhã na casa da vovó... E assim, sucessivamente.
Desprezando o nome e os dados fictícios, diga-me... Quem é você?
Nascemos predestinados a sermos hipócritas, por lei de sobrevivência... Mas nós não existimos. Cumprimos papéis. O Luiz Phelipe não existe, Lucas Gonçalves de Alencar não existe.
Somos personagens da vida, nada mais. Você escreve o roteiro, você escolhe os atores... Um dia alguém encerra.

2 comentários:

Thaís Dourado disse...

Máscaras chinesas.

Luiz Phelipe disse...

Ganhamos de presente na maternidade.